terça-feira, 23 de março de 2010

Final do 2ºPeríodo e futuro do Projecto

Caríssimos leitores e apreciadores em geral deste blogue,

Eis chegado, magnificente, o final do 2º Período!

Novamente pedimos desculpas pela paragem nas publicações no blogue. O nosso grupo andou às voltas e voltas para arranjar ideias para que pudéssemos retomar as nossas publicações. Este segundo período foi emocionante, alucinante, entusiasmante, importante, e muitas outras coisas acabadas em "ante" de tal forma que não tivemos assim tanto material para publicar no blogue. Focámo-nos mais em chegar a novas ideias e em definir exactamente o nosso projecto.
Entre o que fizemos constam algumas mudanças que já começaram a ocorrer no blogue. Como já devem ter reparado, agora lidamos também com artigos sobre o tema que estamos a abordar. Achamos simplesmente que assim deixaremos alguns assuntos que consideremos mais importantes um bocado mais claros.
Mas isso não significa que os nossos momentos de humor vão acabar! Muito pelo contrário! O que acham que andámos a fazer no 2º Período? A "vegetar"? "No way «mén»!" - nas palavras do sábio Rabi Gerevásio.

Eis o que vamos exactamente e conclusivamente fazer/concretizar/de um modo geral, levar a cabo/JÁ PERCEBEMOS! (isto no próximo período):

-Lembram-se de falarmos em mudar o formato dos nossos textos humorísticos? Pois bem, ficou finalmente decidido que estes já não são textos, mas sim quadradinhos. Sim, quadradinhos, aqueles polígonos de quatro lados que podem ser preenchidos de modos absolutamente variados. No nosso caso vamos preenchê-lo com Banda Desenhada! Agora vão ter a oportunidade de ver o nosso intrépido amigo e feliz vitimado "Davide José" em fantásticos quadrados de pura comédia;

-Vamos publicar comentários, curiosidades e vários tipos de informação sobre assuntos relacionados com a violência. Tentaremos estar atentos a assuntos mais mediáticos. Obviamente, queremos que os nossos leitores participem na discussão destes assuntos, e, sempre que possível, procuraremos responder às várias opiniões postadas. Aceitamos, como sempre, sugestões!;

-O 3º Período será o período do lançamento do filme que estamos a realizar com o Grupo 3 no âmbito do nosso tema e do tema das "Ciências Forenses". Aproveitamos para dizer que logo que acharmos oportuno vamos dar a conhecer um pouco mais dos detalhes da história deste filme. Ah, e já agora, o Guião já está completo!;

-Ainda a propósito deste filme, vamos contar a experiência que tivemos com o realizador Rodrigo Areias ao assistir à sua palestra, mantenham-se ligados!;

-Finalmente, apenas temos a dizer que temos algumas surpresas preparadas para vocês. Pensem nisto como uma forma de vos compensar por toda a agonia/dor que sentiram durante todo este tempo que tivemos "fora de cena".

Pois é, meus caros amigos, voltámos.

[Comentário]: Escolas vão poder suspender alunos acusados de 'bullying'

Governo

Escolas vão poder suspender alunos acusados de 'bullying'
Mafalda Aguilar
18/03/10 14:31










O Governo aprovou hoje em Conselho de Ministros um diploma que prevê a suspensão dos alunos acusados de actos de violência física ou psicológica de forma intencional e repetida sobre colegas.
O objectivo foi "assegurar às escolas uma intervenção mais rápida perante situações de agressão. Imediatamente o director pode determinar uma suspensão preventiva" mesmo antes da abertura do respectivo procedimento disciplinar, avançou o Ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira na conferência que se seguiu ao Conselho de Ministros de hoje.
A proposta de Lei "aplica-se aos alunos que pratiquem agressões em estabelecimento do Ensino Básico e do Ensino Secundário", acrescentou o governante.
"Fica igualmente expresso que a suspensão preventiva passa a ter como prazo máximo de duração o período em que decorre o procedimento disciplinar", pode ler-se no comunicado do Conselho de Ministros.
O anúncio do Governo surge depois de o PSD ter avançado ontem, no Parlamento, que ia propor a criação de sanções para as famílias de alunos que agridam colegas, caso estas não assumam as suas responsabilidades, e de apoio especializado para as vítimas.

in Económico (no sapo) - http://economico.sapo.pt/noticias/escolas-vao-poder-suspender-alunos-acusados-de-bullying_84529.html



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O comentário inicial que temos a fazer é, na realidade, uma pergunta: Afinal de Contas, será que alguma escola irá realmente aplicar esta medida?

Não houve de facto uma indiferença perante o caso do menino de Bragança? O que levaria as outras escolas a aplicarem medidas preventivas quando nem capazes de aplicar medidas punitivas têm a iniciativa de levar a cabo?


E o problema não é só esse. Com o crescimento da descredibilização do poder dos professores pelos alunos e com o acentuar de uma indiferença por parte dos pais dos alunos, será que será possível aplicar estas medidas eficazmente e de uma forma pedagógica?


O que importa é que os alunos sejam suspensos, a ver do governo e da opinião generalizada do público. Mas, afinal de contas, como referimos no post anterior, o problema da violência não é um problema intemporal?


Não vale a pena combater um problema deste género aplicando apenas medidas punitivas, importa em primeiro lugar sensibilizar os alunos para evitar o bullying e a violência em geral.


Mais que tudo, a educação para este problema deve começar em casa, pois é certo que os pais têm um papel fundamental na mentalidade dos filhos - desde cedo os filhos devem ser educados que a violência só traz problemas e infelicidade, tanto para as vítimas, mas também para os próprios agressores.



Mas sensibilizar é uma palavra muito bonita. Há que tornar uma eventual sensibilização para este problema algo mais que "uns meros folhetos e umas meras palestras", há que apostar em estratégias originais, que tornem a mensagem de sensibilização algo de memorável e que leve o público-alvo a mudar os seus princípios éticos.


E não devemos ficar-nos só por sensibilizar. Importa também corrigir. Não se corrige com medidas de suspensão, sejam estas preventivas ou não. Provavelmente, a tomada de uma destas medidas só vai agravar a situação para as vítimas, que poderão ser alvo de uma vingança por parte dos agressores punidos. Importa que se leve os agressores a corrigir as suas atitudes e princípios morais.



Claro, conseguir levar a cabo esta última proposta com sucesso é um feito quase utópico. Como o fazer? Recorrendo a psicólogos? Chamando os pais e professores do aluno agressor?



São perguntas a que nós não conseguimos responder, pelo menos para já. Esperemos só que um dia sejam adoptadas medidas para "resolver" este problema que resolvam efectivamente este problema, que levem as crianças e adolescentes a rejeitar sequer o mínimo acto de violência, não porque esta lhes possa trazer uma suspensão, mas porque é algo de moralmente e absolutamente incorrecto.




[Comentário] Bragança/Mirandela: Crónica de um menino a quem ninguém ouviu


Uma escola, no interior. Os meninos jogam à bola na rua debaixo do olhar dos mais velhos. Alguns escondem-se e calam dentro deles uma dor de alma, uma torrente de sentimentos frustrados. Têm medo, choram.

Indiferentes à sua dor, toda uma escola viva de professores, companheiros, auxiliares...

Numa escola, no interior, uns meninos eram perseguidos por colegas mais velhos e de vez em quando levavam “uns bofetões”. “Coisa normal entre crianças”, disseram alguns pais e professores. Uma “coisa normal” para quem?

Sendo a escola obrigatória, presumo que muitos de nós tenhamos passado por lá. Poucos serão os que não viveram situações semelhantes, com desfechos diferentes. Quem nunca andou “à bulha”? Terão sido poucos, mas isso é normal e aceitável? Até que ponto?

Em 2008 o pequeno Leandro, uma criança como eu também fui, como muitos foram, foi mandado para o hospital. Alguns colegas mais velhos bateram-lhe. Dizem que lhe deram pontapés na cabeça. Esteve dois dias internado. É normal? É aceitável? O que fez a escola? O aluno foi agredido fora do recinto. Mas foi agredido por colegas seus, colegas mais velhos. É aceitável?

Em 2010 Leandro não aguentou mais e o país soube. Um menino saltou para o rio para fugir aos maus tratos de alguns colegas mais velhos. Vergonha. Que vergonha.

Foi preciso cair nas águas do rio para fazer ouvir a sua dor.

Quantos mais Leandros vão ter de cair para que a escola comece a encarar a agressividade e a violência entre os alunos como um sério problema e não como brigas de crianças?

Para quando a colocação de profissionais competentes (psicólogos) para acompanhar estes casos?

Que pessoas estamos a formar? Que pessoas queremos formar?

Espero que a consciência lhes doa até mais não e que não haja uma noite em que descansem em paz.

Aos pais e familiares, condolências sentidas...



in Diário de Bragança (04/03/2010) - http://diariodebraganca.blogs.sapo.pt/


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Comentário:
De facto, um episódio lamentável. Apesar de já ter ocorrido há várias semanas, foi de facto o suficiente para trazer um problema que já há muito que deveria ter sido resolvido à discussão pública. Perguntamo-nos se daqui a uns meses não estará já tudo esquecido, certamente casos como este vão voltar a ocorrer, neste país e noutros. O bullying é um problema, infelizmente intemporal, isto porque está ligado à própria violência, que, ao que nos vem a parecer cada vez mais, é um problema que está já ligado à espécie humana. A cobiça, a ambição, o desprezo, ou mesmo o desespero - todos estes são razões por detrás da violência.
O bullying é cruel. Simplesmente porque é capaz de arruinar a infância/adolescência de muitas pessoas que, depois de serem alvo de violência ou humilhação, são levadas a serem vistas não pelo que são mas pelo que os seus agressores fazem parecer que são. É um atentado à identidade, e, no caso do menino Leandro, ele deixou de poder co-existir com a identidade que lhe atribuiram. Pediu ajuda, mas ela não veio. E depois... foi tarde demais.

Certamente agora o problema da violência nas escolas já estará prestes a ser esquecido. Foram tomadas umas medidas "às três pancadas" pelo governo, que aparenta disfrutar de encontrar soluções para os problemas mais mediáticos.

A realidade... é que no fim de tudo, nem o problema do Leandro ficou resolvido, nem o problema de muitas outras vítimas que sofrem em silêncio.
Cabe agora a nós tentar pelo menos, já que este problema é quase incorrigível, sensibilizar as pessoas para este assunto, com especial atenção na comunidade escolar, porque afinal de contas, ao contrário do que a maioria da opinião pública diz "que os professores deviam sensibilizar mais os alunos sobre este problema", a realidade é que este é um problema que existe entre alunos e que deve começar a ser resolvido pelos mesmos!